ECO,
Umberto. Como Se Faz Uma Tese. Trad.
Gilson Cesar de Souza. 24ª edição. São Paulo: Perspectiva, 2012. (resenha)
João Paulo F. Tinoco Machado
Mestrando
em Letras/Estudos Linguísticos – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
/UFMS
Ingressar em Cursos de Graduação e
Pós-graduação lato sensu e stricto sensu, os quais tomam uma pesquisa como requisito avaliativo, requer
disposição e comprometimento por parte do discente. Ao longo do curso o alunado
expõe-se às práticas de leitura e escrita, as quais devem dar apoio às
formações básicas e necessárias de que futuramente precisará. Não obstante, a
escrita científica pode tornar um obstáculo para a conclusão do curso, uma vez
que a maioria das instituições solicita um trabalho final – artigo, monografia,
dissertação ou tese – em uma área específica do conhecimento produzido pelo
aluno supervisionado por um professor experiente.
A
fim de compartilhar considerações importantes e esclarecer o que trata-se de uma
tese e como elaborá-la, Umberto Eco relata em seu livro “Como Se Faz Uma Tese”, em sua 24ª edição, experiências eficazes para
direcionar um candidato que está em uma situação de dificuldade em delimitar um
tema de pesquisa.
O escritor italiano é conhecido por
seus escritos sobre semiótica, comunicação de massa, filosofia e linguística.
Com várias publicações, Eco escreve “Como
Se Faz Uma Tese” com o objetivo de corroborar de forma didática aspectos relevantes
para um leitor, tanto aluno quanto quem deseja saber sobre o assunto, que
propõe-se dedicar algumas horas diárias à leituras com a finalidade de
prepara-lo para uma pesquisa séria, a qual possa contribuir com seu crescimento
intelectual e em sua carreira.
A obra do crítico é divida em sete
capítulos formando um total de cento e setenta e quatro páginas. Por toda
extensão da obra, o autor direciona o leitor para os cuidados e seriedade ao
colocar-se na posição de pesquisador. Eco destaca dois tipos de tese: pesquisa
e compilação. Esta o aluno coloca como foco de pesquisa grande parte da produção
existente, ou seja, as publicações, a respeito de um determinado assunto,
aquela exige mais tempo e profundidade para o pesquisador.
O livro foi pensado naqueles alunos
que têm a possibilidade de dedicar poucas horas por dia nos estudos, contudo
permitindo-lhes tempo necessário para finalizar a tese. Teve-se o cuidado de
pensar em um aluno que não tem à sua disposição alguns recursos favoráveis,
como dinheiro e tempo integral, para sua pesquisa. Destarte, o autor da obra
apresenta passos para pensar sobre um tema; reunir documentação; colocar em
ordem estes documentos; e refletir sobre os mesmos.
A contribuição desta obra é
encorajar e mostrar que é possível fazer uma pesquisa em seis meses que venha
trazer contribuições significativas, evitando cópias de outras pesquisas. De
forma irônica o escritor torna explícita sua preocupação com o plágio ao dizer
que se o aluno não é capaz de escrever um trabalho inédito, melhor que ele o copie.
Disseminando, também, com a inquietação que temos tido e acautelado nossos
alunos para posicionarem-se com integridade e não cometerem tal crime.
Sumariando os passos, pode-se dizer
que o tema da tese, monográfica ou panorâmica, deve ser escolhido conforme a
facilidade que está ao alcance do candidato, ou seja, assuntos atuais e ricos
em referências bibliográficas na biblioteca de fácil acesso. Para ter acesso ao
material, o autor lembra que fontes podem ser colhidas na biblioteca ao
pesquisar catálogos bibliográficos transcrevendo os autores de interesse em
fichários, tais como, ficha bibliográfica, ficha de leitura, citação dos livros
em notas de rodapé, consequentemente, apoderando-se de uma bibliografia final[1]. Dessa forma, o aluno poderá delimitar-se para
escrever sua tese consoante os requisitos esperados de um leitor: que o autor
seja comedido e objetivo esclarecendo dúvidas aparentemente ambíguas. Os
conhecimentos agregados neste livro servirão ao aprendiz pelo resto de sua
vida.
É assim, que as contribuições dadas
por Umberto Eco permitem que alunos e interessados adquiram e construam
caminhos para avistar um “horizonte”. Em especial, a combinação de um professor
que faça com que o candidato se sinta desafiado e que ajude a traçar a pesquisa
mutuamente com o aprendiz, far-se-á com que a tese torne-se uma experiência
satisfatória que não será esquecida.
[1]
Atualmente usamos “referências” por se tratar de documentos impressos ou
registrados em diversos tipos de suporte, e não somente livros.